quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Amar sem interrogações

As malas já estavam prontas. Deixe-as em cima da cama e me dirigi até a janela. Acendi um cigarro.O sol partiria daqui a poucas horas. Desejei ir embora antes dele. Ela se pôs a me observar enquanto as lágrimas lhe escapavam dos amendoados olhos negros. "Me leva contigo". Fitei-a em silêncio enquanto meu coração batia aceleradamente.  Minha vida já estava marcada por aquela mulher. Mas eu queria amá-la sem pedir nada em troca. Escolhi um tempo comigo. Mas não prometi voltar, apenas avisei que partiria. Se ficasse o nosso amor seria corroído por minhas interrogações. Apaguei o cigarro sob a janela. Ela continuava a chorar. Não compreendia minha partida. Quem me compreenderia afinal?Em silêncio peguei as malas e me dirigi ao meu Karmann.  Ela correu até mim e em meio às lágrimas balbuciou que eu não precisava mais retornar. Arranquei o carro e parti sem saber para onde estava indo. O sol se punha em meu caminho. Eu a amava, mas precisava deixá-la voar sem mim. Eu também precisava voar sem mim para quem sabe me encontrar. Não é fácil dizer a Deus. Parei no primeiro bar que encontrei. "O que deseja?" Uma cerveja". "Algo mais?". "Amar, amar sem interrogações". Silêncio.




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